quinta-feira, 19 de março de 2009

QUE OS RICOS PAGUEM A CONTA DA CRISE

Importantes setores da esquerda brasileira se reuniram, nos dias 14 e 15 em Guararema (SP), para debater a crise sob o enfoque da defesa dos interesses dos trabalhadores. Representantes de 35 organizações sociais, dentre as quais CUT, Assembléia Popular, Via Campesina, Intersindical, Conlutas, CTB, PCB, PCdoB, CMP, Psol e PT, avançaram nos consensos sobre o colapso econômico, sua natureza e, sobretudo, na construção de uma agenda de lutas e trabalho com o povo.
Isso qualifica o enfrentamento dos efeitos da crise, reforçando sua essência capitalista. Logo, fortalece a compreensão de que são os ricos que devem pagar por ela. De seu lado, a burguesia brasileira não tem um projeto próprio e, ao longo da crise, se limitará a executar o projeto da elite internacional e do imperialismo. E isso é um elemento decisivo.
As classes dominantes
Para a classe dominante, combater da crise significa privatizar o lucro e socializar o prejuízo. Assim, ela naturaliza seus fundamentos como se ela ocorresse por uma fatalidade, a qual deve ser enfrentada por todos. Ao mesmo tempo, começam a impor suas saídas tradicionais. São elas, a destruição de parte do capital acumulado (financeiro) , destruição de capital humano e bens de produção através da promoção de guerras, aumento da exploração do trabalho, transferência maior de recursos da periferia para o centro do capital e utilização do Estado para concentrar a poupança popular e destiná-la aos capitalistas. Além destas saídas típicas, em seu desespero, o capital aumentará a ofensiva sobre os recursos naturais. Destaque para o petróleo, o minério, a produção agrícola, a biodiversidade, as águas e as florestas, vide a MP 458/2009, editada pelo governo em fevereiro e que regulariza, sem licitação, terras griladas de até 2.500 hectares na Amazônia Legal.
É bom lembrar que o modelo neoliberal sofreu um revés importante, mas não está derrotado. Fusões de grandes bancos e empresas continuam acontecendo e a mídia corporativa brada em uníssono: menos direitos trabalhistas e impostos. Querem passar a fatura para a classe trabalhadora e, para isso, intensificam a repressão policial e a criminalização dos movimentos no Judiciário. No plano político, saídas podem caminhar com a ascensão de governos fascistas. As conseqüências já são sentidas, sobretudo, pelos trabalhadores, as mulheres e as populações com menor proteção social.

As forças populares
Para os setores populares, há consenso de que a crise é estrutural, profunda, prolongada, sistêmica. Ela atinge a produção, as finanças, o comércio, o meio ambiente, o consumismo e encerra um período histórico de ofensiva do capital, abrindo a possibilidade de um reascenso da luta de massas.
No entanto, a esquerda brasileira enfrenta essa conjuntura adversa com problemas de caráter ideológico e organizativo. E que, por serem difíceis e complexos, exigem a construção de alternativas de médio e longo prazos, sendo que a tarefa central é a construção da unidade entre as diferentes formas do povo brasileiro se articular. O caminho para essa construção é nas agendas comuns de lutas, as quais fomentam a construção de confiança mútua. Para isso, é necessário reafirmar que são com esses setores, e a partir delas, que se podem desencadear mobilizações que resultem no crescimento da atuação das massas e, assim, alterar a correlação de forças.
A construção dessa unidade não se resume no trabalho de articulação, mas reclama firmeza para impedir o fracionamento das lutas e disputas.

A unidade
A crise inaugura um novo período histórico marcado pela insatisfação social e pela retomada da capacidade de luta de massas. Diante disso, as forças populares avançaram na construção de bandeiras unitárias, tais como: nenhum desemprego, nem direito a menos; elevação do salário mínimo; diminuição da jornada de trabalho, sem reduzir vencimentos; decréscimo das tarifas de energia e água e dos impostos para os pobres; queda no preço dos alimentos; menor taxa Selic e para o consumidor; investir superávit primário em educação e saúde; apoiar a CPI da dívida pública; impedir que reforma tributária tire recursos da seguridade social; reestatização de empresas estratégicas (Embraer, Vale, Petrobras etc.); reforma agrária massiva e mudança do modelo do agronegócio; estatização do sistema financeiro; garantia de um programa de educação pública e gratuita para todos; e construção de programas de integração popular entre os países da América Latina.
Nas lutas, o plano é jogar energias para construir uma jornada nacional de protestos contra a crise, unitária e massiva, nos dias 30 e 31 de março e 1º de abril. Datas definidas durante a Assembléia Mundial dos movimentos sociais no FSM. Na primeira semana de junho, intensificar as mobilizações e, em outubro, nova jornada mundial contra a crise, entre os dias 12 e 16. O dia 12 será de defesa da natureza e o 16, de luta pela soberania alimentar.
E, paralelamente, apoiar as mobilizações e atos de resistência contra os efeitos da crise. Em especial a greve dos petroleiros, no dia 23, a mobilização dos estudantes secundaristas e universitários no dia 28 (em memória à morte do estudante Edson Luis, pela ditadura militar), as jornadas dos movimentos da Via Campesina, do movimento sindical, da juventude, de moradia e todos que forem a luta!

sexta-feira, 13 de março de 2009

Desenvolvimento Sustentável


Desenvolvimento sustentável

03/04/08

Fonte: O Eco. O Fim do Desenvolvimento Sustentável Sérgio Abranches - Mestre em Sociologia pela UnB, PhD em Ciência Política pela Universidade de Cornell e Professor Visitante do Instituto Coppead de Administração, UFRJ. 31.03.2007 O documento Uma Nova Era para o Desenvolvimento Sustentável, do International Institute for Environment and Development, traz a seguinte mensagem: o conceito de desenvolvimento sustentável foi amplamente endossado ao longo das duas últimas décadas, no entanto, o desenvolvimento continua longe de sustentável. Não obstante essa constatação entre óbvia e sombria, o texto é otimista e afirma que se abre uma nova era para o desenvolvimento sustentável. É mais que uma nova fase para o mesmo modelo, ainda que melhorado. O paradigma mudou. Na verdade, não houve, nem haverá desenvolvimento sustentável. Certamente não na concepção original da idéia. Porque ela se assentava numa visão ecológica de equilíbrio, sempre difusa demais para comandar um processo de aglutinação de preferências pela sustentabilidade, suficientemente forte para se contrapor às preferências por mais e imediato bem estar. Nunca foi uma questão ambiental ou ecológica. Sempre foi uma questão de economia política. Da dinâmica de interesses materiais que dá forma às escolhas coletivas e substância às maiorias, por um lado, e da superioridade de determinados interesses sobre outros, expressos nos anéis de poder que vinculam o estado a determinados interesses corporativos na sociedade. O conceito de desenvolvimento sustentável ganhou corpo com o Relatório Brundtland, de 1987. Mas ele já era uma preocupação e sua premissa básica já estava enunciada muito antes. Era parte, por exemplo, da idéia de limites ao crescimento, proposta por Donella Meadows e seus associados, no livro publicado em 1972 com esse título. Era parte de um projeto do Clube de Roma sobre As Dificuldades da Humanidade?. Nos comentários finais a esse relatório, que se tornou livro famoso e leitura obrigatória para todos que se debruçam sobre a questão do desenvolvimento, o Comitê Executivo do Clube de Roma, explica a finalidade do projeto, em termos que obviamente são precursores do conceito de desenvolvimento sustentável. Dizem o seguinte: ?Nós queríamos explorar o grau pelo qual [nossa] atitude sobre o desenvolvimento é compatível com as dimensões finitas de nosso planeta e com as necessidades fundamentais de nossa sociedade mundial da redução das tensões sociais e políticas à melhoria da qualidade de vida para todos?. Já naquela época, havia clareza sobre dois fatos contraditórios. Primeiro, que o desenvolvimento mundial era desigual e andava, entretanto, em uma senda convergente que levava a insustentabilidade, dada a disparidade entre a demanda estimada por recursos, energia, ar e água e a capacidade finita de provisão do planeta. O segundo, que as mudanças necessárias na base técnica da sociedade eram viáveis à luz da capacidade científica e tecnológica já acumulada e do dinamismo do sistema científico e tecnológico mundial. Uma terceira conclusão soava precoce naqueles anos ?pré-globalização?: a mudança necessária só poderia ser alcançada ?por meio de uma estratégia global?. Quando se faz uma retrospectiva séria do que se disse, se estudou e se avançou no conhecimento daquilo que o Clube de Roma chamava de a problemática mundial, em confronto com o quanto se fez para evitar que a brecha entre a demanda humana e a capacidade de provisão planetária, não há razão alguma para conforto. Na verdade, os alertas dos anos 70, continuam atuais como se tivessem sido escritos como uma introdução ao último relatório do IPCC. O conselho do Clube de Roma, por exemplo, diz o seguinte em seus comentários de conclusão: ?quanto mais próximo chegarmos dos limites materiais do planeta, mais difícil de resolver ficará o problema?. Donella Meadows e seus colegas dizem o seguinte na conclusão do relatório: ?Não agir, para resolver esses problemas é o equivalente a adotar ações vigorosas. Cada dia de crescimento exponencial traz o sistema mundial mais perto dos limites últimos desse crescimento. (...) Por causa das defasagens no sistema, se a sociedade global esperar até essas restrições se tornarem inequivocamente aparentes, terá esperado demais?. Modernizando-se um pouco a linguagem, é isso que os climatologistas estão nos dizendo, hoje, sobre a mudança climática global. Mas há uma diferença dramática, entre o alerta de limites ao crescimento e o anúncio da mudança climática global. Na década de 70, no primeiro estudo sobre limites físicos ao crescimento, os pesquisadores diziam que não podemos dizer com certeza quanto tempo mais à humanidade pode postergar o início do controle deliberado do seu crescimento, até que percamos a chance de controlá-lo. Suspeitamos, com base no conhecimento hoje existente das restrições físicas do planeta que essa fase de crescimento não pode continuar pelos próximos 100 anos?. Acertaram uma data muito próxima daquela que seria fixada pelos climatologistas 30 anos depois. Hoje, o consenso científico é de que o ponto de virada, se continuarmos não agindo, deve se dar entre 2030 e 2050. Naquela época, o erro não foi na extensão do prazo, mas no tipo de limite que atingiríamos. E nem se pode de qualificar como erro, porque o conhecimento disponível não permitia por o foco no verdadeiro limite. Para eles o limite seria na provisão de energia e alimento e nos efeitos da poluição sobre a capacidade agrícola. Agora sabemos duas coisas novas. Atingiremos o limite muito antes de terminarem nossas reservas de petróleo e carvão e a redução da nossa capacidade agrícola já será efeito da crise, não gatilho da crise. Essa mudança é fundamental e definitiva. Não se trata mais de um desafio de escassez de recursos, que sempre pode ser respondido com tecnologia e ganhos de produtividade. Trata-se de uma falha técnica intrínseca ao nosso padrão de desenvolvimento, centrado no uso intensivo e extensivo de recursos que liberam carbono. Carbono, claro, como metáfora para emissões de gases estufa em toneladas equivalentes de carbono. O nosso desenvolvimento dependente de carbono produziu limites físicos de uma natureza inesperadamente mais dramática, porque interfere com forças que produzem conseqüências irreversíveis e incontroláveis. E parte da suspeita dos autores de Limites se cumpriu. Para a primeira fase da mudança climática global, esperamos mais do que podíamos e teremos que viver em um mundo com seus regimes climáticos em alteração de agora em diante. Vamos falar claro: não se trata de esperar 2030 para ver os sinais da mudança global. Nós já os estamos experimentando e a freqüência desses sinais vai aumentar ano a ano, até que uma nova configuração climática fique evidente. Portanto, aquele desafio dos anos 70 foi superado e ultrapassado. Agora teremos que investir na adaptação à mudança inevitável e agir com vigor para evitar cenários piores. Quando se toma a mudança climática global como premissa da discussão sobre desenvolvimento, altera-se radicalmente a lógica de sua economia política. No caso do projeto de desenvolvimento sustentável havia duas forças que diluíam em grande medida a força daqueles que desejavam uma mudança de padrão, que se tivesse resultado, provavelmente teria evitado a mudança climática agora em curso e inevitável. Como se tratava de uma tese a respeito de limites de provisão de recursos e dos riscos de danos advindos da poluição os países mais poderosos e ricos e os grupos mais poderosos e ricos em todos os países, tinham confiança de que poderiam transferir as restrições para os mais pobres, mundial e domesticamente. Segundo, com tecnologia seria possível controlar a natalidade, a poluição e aumentar a produtividade e a eficiência no uso dos recursos, de modo a empurrar os limites ao crescimento para bem longe. E foi o que se fez, ou não É evidente que houve melhora da poluição na maioria dos países ricos e na maioria dos hoje considerados emergentes, à exceção de Índia e China, entre os grandes. O esforço de eliminação do passivo ambiental das antigas nações do eixo soviético foi notável. Basta ver o que a Alemanha fez após a unificação. O crescimento populacional está em queda em praticamente todo o mundo. Um terço dos países do mundo tem hoje taxas de crescimento abaixo da reposição. A taxa global, hoje, é de 1,41% ao ano. Dobramos a população em 40 anos, entre 1960 e 1999. Agora, a esta taxa, seriam necessários 63 anos para dobrar a população, novamente. Mas isto não vai acontecer. As taxas continuarão a cair e a população global vai provavelmente se estabilizar antes que dobre. Também aumentamos imensamente a eficiência no uso de recursos. Mesmo de combustíveis fósseis. Basta comparar os carros dos anos 70, com os de agora. Mas, ainda assim, ficamos longe da sustentabilidade. Porque não há parâmetro suficientemente claro, que gere a percepção de risco capaz de produzir um movimento não apenas de opiniões, mas de interesses na direção da sustentabilidade. É uma meta, concretamente, inatingível. Com a mudança climática, não é assim. Existem parâmetros claros o suficiente. As evidências de sua manifestação têm efeito dramático na percepção de risco e na dinâmica de interesses. Basta ver o efeito do Katrina na opinião pública e nas empresas no EUA. Está havendo mudança na configuração dos interesses econômicos de agentes importantes. Vejam o que está acontecendo com as empresas de seguros em relação ao risco de desastres naturais. Hoje, conhecemos o risco. Amanhã, conheceremos mais. Em cinco anos, o grau de percepção do risco climático será seguramente exponencialmente maior que o de hoje, que já é muito maior que o de cinco anos atrás. Isso ainda não começou a gerar quedas globais significativas de emissões. As emissões totais de carbono por uso de combustíveis fósseis cresceram 66%, entre 1972, data de publicação de ?Limites ao Crescimento, e 2003. Entre 1994 e 2006, a concentração de CO2 na atmosfera, medida na estação de Jubany, na Antártica, subiu de 356,72 ppm para 378,74 ppm. Um crescimento de 6,2%. Se crescer mais 6%, bate no primeiro nível de risco, que é 400 ppm. Mas essa nova percepção já levou alguns países a mudanças e investimentos significativos. Suécia e Nova Zelândia, por exemplo, estão em busca de um padrão econômico de baixo carbono. A Inglaterra acaba de anunciar que vai entrar nesse jogo. A Holanda investe pesadamente na adaptação à mudança iminente quando, com a elevação do nível do mar, diques e canais se tornarão inúteis. Parte do país terá que se tornar flutuante, porque terá que viver sobre a água. É possível, até provável, que atinjamos a marca de 400 ppm, que pode levar a cenários razoavelmente duros de mudança climática, com maior intensidade em determinadas áreas do planeta. É claro que para evitarmos os piores cenários teremos que mudar significativamente os padrões de produção e consumo que caracterizaram o século XX. A dinâmica da economia política do século XXI provavelmente obterá essa mudança. Começam a se constituir interesses poderosos em torno da economia de baixo carbono. Há uma onda crescente de consumidores se afastando dos produtos Carbonos-intensivos e criando demanda por produtos de baixo-carbono. As indústrias do carbono já têm visualizado uma trajetória poente em seus modelos estratégicos, se não mudarem seu foco tecnológico. Muitas começam a abrir novas áreas, em um novo padrão-carbono, com o objetivo de tê-las como core activities no futuro. Há uma argumentação persuasiva que repete aquelas análises do passado da sustentabilidade, dizendo que parte da solução é possível de se obter com as tecnologias já disponíveis. Um relatório recente da conceituada consultora McKinsey, Uma Curva de Custo para a Redução dos Gases Estufa?, afirma que seria possível, tecnicamente, abater 26,7 giga-toneladas de gases estufa, a um custo relativamente baixo. Mas essas soluções de baixo custo estão muito fragmentadas por setores e regiões, exigindo ação global. Segundo o relatório, poderia ser um grande desafio político. Mas, por outro lado, o incentivo implícito em soluções de menor custo, para a primeira fase de um programa, que tenha como meta manter as emissões em 400 ppm, pode mudar a economia política do problema. Um complicador é que metade dessas soluções de mais baixo custo estão nos países em desenvolvimento. Um fundo de financiamento de preservação florestal, por exemplo, poderia dar resultados promissores. Menos da metade dessas soluções de baixo custo estariam nos setores de energia e indústria. A maioria está nos setores de florestas, agricultura, transportes e construção. A implicação é que é possível começar por uma via de menor sacrifício e menor custo, criando espaço para as mudanças que exigirão mais das sociedades e maior investimento de empresas e governos. Essas, sim, pressupõem mudanças mais profundas de padrão de consumo e produção. As vias para uma nova economia política começam a se abrir. O novo padrão de desenvolvimento não precisa sacrificar nem a taxa, nem a qualidade do desenvolvimento, mas certamente terá que mudar a cesta de bens e serviços à disposição da sociedade. Envolverá, certamente, a reserva de uma parte do investimento para enfrentar o desafio da adaptação a novos regimes climáticos. A diferença específica, que se constitui em uma vantagem em relação à era do desenvolvimento sustentável, é que o risco é mais concreto, mais perceptível e emergirá fisicamente e com conseqüências muito duras mais rapidamente do que os limites de viabilidade de uma nova economia de baixo carbono. O medo nos ajudará a vencer o perigo de perder a oportunidade de evitar o pior. E não vai nos sair nada barato o tempo que já esperamos.
Enviado por Miguel Jorge Ass.Político

terça-feira, 10 de março de 2009

A SOLIDÃO DO ATOMO

SUMARIO


· Este texto a solidão do átomo tem como base a coexistência com todas as problemáticas do viver e conviver com os astros que estão sempre se alinhando um olhando para o outro e se sustentando através da sua força mágica e magnética.
· Toda existência se fundamenta na tolerância e sua força para sempre estarem em um ciclo de tudo ser novo de novo na incansável jornada das coisas grandes e pequenas que giram pelos espaços do que é vivo e do que não é vivo e seus entrelaçamentos na interdependência.
· Tentando quebrar assim as varias barreiras do individualismo e da prepotência de sermos os "super-homens" mal acabados perfeitos nas suas imperfeições na beleza de não ser completo. Não se admite e incorre na constância de querer aperfeiçoar a natureza.
· Mesmo assim sabemos que alguns ficam pelas estradas e serão as sementes e temos que cuidar destas sementes para garantir a existência do universo a qual pertencemos.
· Sabemos que o universo não será o mesmo sem a gente pois já sentimos a falta que faz as vidas dos nossos parceiros animais e vegetais da terra e das águas. Que exterminamos mudando o quadro da vida como ela era presente na terra nas águas doces e nas águas do mar.
· O universo continuara sendo o universo mesmo sem a gente.
· A terra continuara sendo a terra mesmo sem a gente.
· As águas continuarão a ser as águas mesmo sem a gente.
· A natureza continuara com toda sua força fisicaquimica se dando como sempre se deu para outras formas de vidas.
· Arvore não mata arvore rio não mata rio.
· Com o hidroassassinato e o arborecidio neste ciclo de eliminações em cadeia pelas águas provocamos o nosso hidrosuicídio.
· Temos como resultado o sucesso do fracasso estimulado pela teimosia.
· O maior exemplo de coexistência e da tolerância e a renovação constante o ser humano é pela sua capacidade o único que quebra a mecânica natural mesmo com toda sua evolução não se torna aliado ao contrario é um quebra lei e cria leis para justificar o desastre em nome do "progresso" um progresso egoísta que tira tudo o que pode sem a preocupação de repor isso é ECOnômico.
· Portanto o ECOnômico não é ECOlógico nem é coexistêncial e bate de frente com a poderosa maquina da natureza.
· Rio não mata rio os rios são hidroassassinados pelas pessoas como as pessoas pelas pessoas.
· Agente tem muitas grutas escuras e por não saber cuidar delas matamos as grutas da terra. A gente se agarra na natureza sem querer deixar ela mudar num tem jeito seu minino a gente sofre como se fosse a partida do grande amor e a falta do arco dos seus braços. Ela muda e nós sabemos.
Zé Cambito.


A SOLIDÃO DO ÁTOMO ©

Não era uma vez porque ainda esta acontecendo e quando as coisas estão acontecendo elas nunca foram estão acima da compreensão subjetiva do alcance do imaginado da imaginação da lenda. Há muito tempo atrás algo começou a mudar foi quando apareceu um camaradinha que se chamava Hídro não era Japonês nem Chinês. Ninguém sabem de onde ele veio.
Segundo Zé Cambito nego veio que sabe de tudo e num sabe de nada de tanto saber das coisas. E tem ate duvidas de como ficou sabendo de onde ele veio só sabe que foi de longe de muito longe. De tão longe que ninguém descobriu de onde ele veio e ainda não acharam mas tão procurando. E olhem que estão procurando faz tempo.
Dizem que ele vagueava pelo espaço frio e escuro quando um dia ou era noite sei lá ninguém sabe ao certo. Ele caiu e estatelou-se todo deixando uma barroca no chão seco chão bravo com o tombo saiu a praguejar nervoso:
-- Qui terra qui terra. Tão nervoso que parecia gago e continuava a sua falança.
-- Mas qui terra qui terra eu tinha que cair logo agora mas qui terra.
Ele tinha uma educação lá de perto do fim do oco do espaço um pouco mais alem do que alem já se imaginou.
Deu três passos e paf dormiu e dormiu muito desmaiou de cansado e muito tempo depois quando acordou saiu andando para conhecer o seu novo lar e continuou praguejando.
-- Qui terra logo agora foi acontecer isso comigo mas qui terra. E assim ficou sendo chamado o lugar onde moramos todos. A terra
Ainda segundo Zé Cambito ele começou a andar nesta grande bola que é o terceiro planeta do lado de cá da grande bola de fogo. Olha que ele andou muito só não se acostumou com a solidão era tudo muito deserto. Não existia nada só montanhas desertos morros e planícies secas o calor do sol e frio da noite. O frio era muito grande os ventos o levavam para todas as partes da sua nova casa. Ele já estava cansado de falar sozinho era o que mais fazia era falar sozinho criava inventava amigos de todo jeito. Mas todos parecidos com ele e nenhum desobediente.
Nosso amigo tinha uma dor às vezes lhe dava um vazio enorme com a impressão de não ter nada e querer tudo o nome dessa dor era solidão.
-- Como é querer ter tudo quando se esta só?
-- Como?
Até que tomou uma decisão dentro na amarga solidão se não existia mais ninguém então tudo era dele. Mesmo assim ele queria tudo só não sabia o que e como matar sua imensa fome.
Nesta confusão de querer ter tudo e não ter nada eis que quando um dia ele estava encima de uma montanha. É uma de suas montanhas ele avistou alguém ou era algo?! Veio a grande Pergunta?
-- Quem esta na minha planície?
-- Com ordem de quem esta andando na minha planície? Seca e deserta só que é minha só minha. Isso ribombava no seu peito com uma força a ponto de explodir seu núcleo atômico seus elétrons ficavam quase fora de órbita. Para quem não sabe os elétrons são outros seres menores dentro do átomo.
-- Que atrevimento ficar andando no meu planeta invadindo minha casa vou da um jeito nesse invasor. Há se vou.
Foi o pensamento que lhe veio à cabeça.
-- Ora se estou aqui aqui é meu e de mais ninguém esse atrevido vai ver o que é bom pra tosse quem já viu entrar assim sem falar nada sem avisar vai logo entrando como se fosse dele.
-- Quem esse sujeitinho pensa que é? Vai ver que aqui não casa de mãe Joana e como vai. O sentido de posse lhe bateu fundo ficou louco dizendo.
-- Isso aqui tudo é meu é meu é meu.
Esqueceu a solidão que vivia naquele momento ele era o dono de tudo tudo era dele. Os dias foram passando e ele foi seguindo aquele outro era assim que ele tratava o outro habitante do planeta o outro.
Ele só conhecia EU só sabia falar meu era assim:
-- Minha montanha minha planície meu deserto meu sol meu dia minha lua minha noite. Eu tenho tudo tudo é meu. Agora me vem aquele outro ele que vá procurar outro lugar.
Nem passou pela sua cabeça que esta terra é de todos e de ninguém mesmo seca de sol e vento se ele veio de outro lugar e aqui ficou. Porque outros não?
Agora depois de tanto fazer estradas de tanto fazer caminhos de toda sua agonia por não poder compartilhar as coisas secas com seus amigos invisíveis. Amigos da sua imaginação sua dor de ser só agora tinha um remédio que estava ali no alcance dos seus olhos. Ele sabia que não estava só pois estava vendo um outro ser errante como ele. Só como ele e talvez com as mesmas angustias com a mesma dor de ser só.
Neste momento isso era o que menos importava. O que importava agora era expulsar o outro o “invasor”. Seu egoísmo era mais forte sua intolerância muito maior dividir jamais.
Tratou rapidinho de montar um exercito invencível com seus amigos invisíveis. Um exercito de guerreiros invisíveis bolava estratégias e táticas militares para o combate que se aproximava na sua cabeça e iria ser feroz.
Sua raiva era tão grande por ter sua casa invadida que os seus amigos de solidão já tinham nomes caras e olhos vermelhos com os seus.
Passaram-se dias noites e eras ate que ele do alto de uma das “suas” montanhas avistou o inimigo.
Que nem sabia que era seu inimigo ou que tinha inimigo estava a vaguetear pela imensidão do nada procurando uma outra criatura para não ser sozinho.
No seu universo de solidão os amigos e companheiros invisíveis não tinha o calor de andar junto ter um olhar trocar palavras brincadeiras enfim estava cansado do silencio e da falta de palavras jogadas aos ventos quentes dos dias ou os ventos frios das noites tudo que passava pela cabeça era acabar com a solidão.
A solidão é coisa sem nome ela dói assim uma dor que não tem fim sabemos os ou motivo ela te acompanha em todos os lugares ela é tua como as águas que estão sempre novas em rios estreitos rasos profundos em oceanos procelosos e mares calmos.
Como diz Zé Cambito: A solidão é uma dor que não dois nem deixar marcas nem ossos quebrados mas quem sente sente lá dentro no fundo dos abissais das nossas grutas uma agonia ruminante.
Ainda segundo o Zé Cambito nós temos vários escuros misteriosos dentro da gente como as profunduras das cavernas que mesmo nas suas profunduras tem vidas que procuram outras vidas para não serem só. É quando sentimos a falta de alguém profundamente sem desejos de guerra alguém que agente nem conhece que nem tem nome. Mesmo com a fome de ter do homem que quanto mais tem quer ter mais quanto mais come mais quer comer e sempre esta com fome. Ô bicho vazio.
Voltemos ao senhor da guerra. Hídro ali do alto da sua montanha escondido vigiava os passos do seu “inimigo” eleito por unanimidade em um voto só e dos seus amigos invisíveis.
De tão cego que estava não viu que seu inimigo deu a volta e bateu em suas costas. O mundo é circular e tudo volta ou passa pelo mesmo lugar um dia o outro iria passar ali e aconteceu.
O susto foi imenso ao invés de ira foi espanto dos dois em descobrir como é que existe outro como é ser outro para o outro. Cada um correu para um lado e ficaram se olhando de longe ao Hídro não restou nada estava só e tinha que enfrentar o “seu” grande inimigo sem seus guerreiros invisíveis. Ai ele descobriu que estava só sem exércitos sem nada estava só.
O impasse é rompido por um - Quem é você?
Eu sou Hídro e você?
Hídro como assim?
Hídro sou eu?
-- Não senhor Hídro sou eu?
Chuleando esta conversa depois de muito tempo os dois perceberam que eram dois semelhantes com suas diferenças como tudo na vida. Depois que começaram a se respeitar começaram a andar pelo mundo com uma alegria totalmente renovada. As alegrias de cada um sendo agora dos dois. As coisas estavam sendo vistas de duas formas embora nada fosse dois tudo é um.
Então tudo passou a ser visto de varias formas com todas as suas diferenças de ponto de vista. Assim os dois Hídros passaram a andar pela terra quente fria e desolada mas florida pela alegria de cada um agora eram amigos e tinham a terra só para eles.
No entanto aconteceu algo que deixou os dois preocupados. Foi o surgimento da duvida.
– Será que existe mais alguém alem da gente? Indagou um dos Hídros. Será?
O outro respondeu com ar preocupado.
-- Então agora vamos ter que dividir o que é “nosso” com quem aparecer? Logo agora!
-- Não! Isso não! Agora somos dois com unhas e dentes defenderemos nosso pedaço de chão defenderemos o que é “nosso” a qualquer custo.
O outro Hídro um pouco mais calmo mudou o palavrado e assim passaram a andar depois de um tempo incontável dentro do tempo o silencio foi rompido e o outro Hídro falou:
-- Nós éramos um depois ficamos dois e mesmo assim somos quase nada e a vida ainda é uma aurora tão breve as estrelas tão distantes pode muito bem haver de ter alguém. A vida já foi madrugada e em todo canto a gente vê encantos na alvorada da vida imaginamos ate apagar outros astros outras vidas com que direito? Neste universo de só você e eu nós somos quase nada seria bom que tivesse outro ou outros para a gente ter mais alegria e mais vida.
Nesse instante ouviram algo que parecia um lamento do outro lado do morro com calma foram vê o que era e para espanto geral era alguém totalmente diferente mais totalmente di-fe-ren-te mesmo.
-- E agora meu compadre vamos fazer o que?
-- Ele existe! Falou Hídro. E agora? O outro Hídro falou:
-- Sei lá me deixa pensar.
-- Pensa logo não agüento mais este lamento essa angustia me dói ou vamos lá ou vamos deixá-lo ai só com seu lamento.
Esse era um hídro cabeça de fósforo.
-- Não! Falou Hídro. Vamos lá falar com ele primeiro.
-- Eu não senhor! Disse Hídro. A idéia foi sua vai lá você.
Bem depois de uma eternidade de teimosia veio a decisão. Foram os dois por ali devagar como quem não quer e querendo e falaram para o estranho.
-- Ei! Pare com essa latumia nós não agüentamos mais isso. Pare já e diga logo quem é Você!
O outro foi logo falando:
-- Quem eu? Eu sou eu. Olhando para os dois que responderam.
-- Claro que sabemos quem é você.
-- Então porque perguntam quem sou eu se já sabem?
Pronto confusão feita. Depois umas dezoitos léguas mais alem dos confins da eternidade chegaram a um consenso o estranho e diferente falou.
-- Sou o Oxi e estou sozinho e isso me causa muitas dores sinto falta de companhia. Saíram por ali desconfiados mantendo distancia dois de um lado um do outro. Ate que em um dado instante uma coisa rápida aconteceu sem que nem mais Oxi tropeçou e na hora do baque quando ia bater com o quengo na pedra bruta que estava na sua frente os dois Hídros sem pestanejar foram encima dele evitando o tombo no triz do momento acontecendo a inevitável transformação que mudou tudo.
Os três perceberam que eram gênios por terem feito uma coisa tão simples dado as mãos e ficaram se chamando hidróxido diidrogênio. Assim viram um liquido incolor sem cheiro ou sabor perderam o individualismo e criaram uma tecnologia fantástica tão fantástica mais tão fantástica mesmo que o difícil foi acha o nome da tecnologia.
Depois de muito procurar um nome acharam uma coisa próxima da solidão mais ao contrario da solidão esta tecnologia ficou sendo chamada de solidariedade. Perceberam que era essencial para todo mundo e todo mundo para eles um cuidando do outro.
A vida pipocou poc poc poc por todo lado outros indivíduos foram aparecendo o engraçado era que todos os indivíduos procuravam os três e os três se davam com toda a alegria.
Um belo fim de tarde todos estavam reunidos como se estivessem em uma festa mas em todo lugar sempre tem um curioso e este curioso tascou a pergunta.
-- Como é mesmo o nome disso que agente bebe todos os dias e ainda se refresca tomando banho? Ao que um gaiato respondeu.
-- Que papo mais água. Pronto era o que faltava para aquele liquido te um nome e assim ficou sendo chamado de água.
O frio ficou com sua parte os Hídros e o Oxi descobriram que a água congelada era bom para resfriar o planeta então foram em grande parte para deus extremos onde chamamos de pólos norte e sul no alto das montanhas acima delas nas nuvens no ar e dentro da terra na amniótica alegria da dança da criação.
O frio parece ser uma coisa assim de calma muita calma muito calma tanta calma que todos quase dormem quando chega a 0°C ou abaixo de zero.
O calor também ficou com a sua parte para que a água subisse bem alto como vapor e virasse nuvens congelasse e depois chovesse. Enchendo tudo e todos de alegria. a vida florescendo em todos os lugares. A água entrou dentro do Mátria que precisava dela lá dentro onde as árvores vão buscar seu alimento.
Em alguns lugares os três átomos os dois Hidros e o Oxi parecem que ficam com raiva e fervem entrando em ebulição vão a 100°C. Ou mais.
Dois hidrogênios e um oxigênio deixaram as coisas hidrogeniais. A terra que era seca recebeu esta explosão de alegria que se chamou água e suas variações como a conhecemos ate hoje.
Foi quando tudo começou a mudar as outras vidas foram nascendo e por todo lado só se ouvia a palavra nós o pronome EU ficou só para algumas ocasiões porque o que se ouvia mesmo era nós A GENTE etceterra água e tal.
Descobriram a alegria de serem três maiores mais fortes mais alegres descobriram os outros na terra num instante começou a surgir plantas e outras vidas tudo interdependendo um do outro nada poderia mais ser só.
No entanto todo mundo tinha suas tristezas suas alegrias suas raivas de uma coisa já tinham certeza ninguém tinha saída todo mundo dependia de todo mundo.
Assim todo mundo é diferente mesmo sendo semelhante ninguém é igual e a vida só é assim porque os dois semelhantes se uniram a um diferente sem destruir o outro só porque era diferente.
Os diferentes passaram a respeitar os outros diferentes e os semelhantes passaram a respeitar as diferenças que tinham.
A água não tem historia ela é maior testemunha da historia de tudo esta em tudo é e de tudo esta em todos é de todos. Estes nossos amigos que são três mas de tão unidos se chamam de H2O que é a molécula da água.
Viraram mares e rios de cores e sabores diferentes entre o salgado o doce (doce porque é assim que agente chama água de beber) o salobro e o salgado estas três partes estão sempre se encontrando é a parte líquida do globo terrestre.
O homem é o animal que se denomina humano coloca nome em tudo e todos veio da água e precisa da água para tudo tudo mesmo.
· Zé Cambito em um momento de profundo repensar fletiu refletiu e disse:
-- Éééé o ser humano como todos os animais veio da água e depois que sai começa a destruí-la alem de usá-la e utilizá-la pega de graça e vende para ele mesmo. Como um vírus esta matando a Mátria.
Por isso querem ir para espaço dessecar outros planetas primeiro procuram se tem água. As pessoas têm que se respeitar para poderem conviver e viver o mais em paz possível descobrindo o valor da coexistência.
Não respeitar é fácil difícil é tentar acha o belo entre os destroços e sair andando pelo deserto procurando a primavera.
A caminhada não é fácil só não sabemos onde vamos chegar imaginamos um lugar no inesperado amanhã. Basta só não ser somente e sim se saber ser semente.
· Uma coisa coça o juízo de Zé Cambito cabra sertanejo um pensante no mundo e do mundo com sua pequena forma dialetal se pergunta.
-- Como pode ser uma cosia dessa? Foi preciso três masculinos para ser a feminina água na feminina terra e no calor do seu interior gestativo vivem não só os três cabras mas todas as outras formas de vida que dali se bota pra fora e para dentro sendo outros no conjunto das somas das diferenças e voltam novas novamente.
-- De onde será que vem a palavra ingratidão? A terra tolera a água dentro dela a água se tolera dentro da terra. A vida esta dentro e esta fora.
-- As águas diferentes se misturam na tolerância e depois cada uma é ela novamente nova para as outras vidas novas no novo luminar de todo dia.
Chico Canindé
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